sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sobre Medo

Eu quase fui assaltada agora a pouco.
Tive a sensação estranha de medo, tremor, falta de ar, como se tudo estivesse cinza.
Mas não aconteceu nada.

Isso de ter medo é tão estranho. 
Eu só conheci essa sensação de verdade aos 19 anos, antes disso eu saia a noite sozinha para qualquer lugar, não importa o quanto era escuro, deserto, ou cheio de mendigos, drogados, enfim. Pra mim era todo mundo gente e eu não tinha medo de gente.

Acho tão triste dizer isso no passado, porque por mais que a sociedade tenha problemas, não engulo essa ideia de ter medo de outra pessoa, que nunca me fez nada, que nunca vi antes.

Medo é uma praga. Não faz tanto tempo assim que eu cruzava os olhos com alguém que por qualquer motivo estivesse me olhando, e sorria. Geralmente a pessoa sorria de volta. Não entendo o que mudou. 

Certa vez, eu fui assaltada na frente da faculdade, e reagi. Eu não estava com medo nem do cara, nem da suposta arma que ele carregava. No fim das contas eu empurrei ele em uma moita de espinhos, e cravei as minhas unhas no rosto dele. Arranhei o meliante tão forte que o rosto dele sangrou e minhas unhas ficaram cheias de pele. Foi ai que ele conseguiu levantar, me deu um soco no rosto, pegou minha bolsa e fugiu.
Acho que gastei toda a minha coragem nesse dia.

Teoricamente, os riscos que a gente corre na vida são os mesmos com ou sem medo. É por isso que ele é tão ridículo. Por isso eu devo ser ridícula também.


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