O Fabuloso mundo das Fotonovelas!

Fotonovelas são novelas em quadrinhos que utilizam, no lugar dos desenhos, fotografias, de forma a contar, sequencialmente, uma história.

No Brasil, as fotonovelas tiveram um mercado cativo por mais de 25 anos, entre os anos 1950 e 70, representando a idéia de uma imprensa popular feminina, com milhões de leitores de histórias publicadas em revistas com grande circulação nacional.

Wikipedia 

Sempre achei interessante essa ideia de fotonovelas, provavelmente por gostar muito de fotografia mas também por achar que uma história deve sempre ser contada.

Sinceramente, para mim não importa se ela é em forma de conversas, narrativas, textos, vídeos e etc, enquanto alguém quiser ouvir, alguém tem que contar. Guardar histórias para si não tem a menor graça.

Fiquei encantada quando conheci o projeto Crepúsculo (que nada tem a ver com os filmes de vampiros), que se trata resumidamente de Fonotonovelas virtuais, bem contemporânea e ótimas referências musicais. Essa é mais uma das facetas de Fabiano Vianna, o Fabz, que já mostrei as ilustrações NESSE POST e além de produzir e dirigir as fotonovelas, ainda atua nelas!

Fabiano Vianna

Se você ainda não tiver se rendido ao talento desse homem, se prepare, porque o melhor está por vir!

Fiz algumas perguntas ao Fabiano, que respondeu de forma tão completa que eu preferi não ousar resumir, principalmente, porque vale a pena ler cada palavra.

Viés Feminino: Quando e por que decidiu fazer fotonovelas?

Fabiano Vianna: No começo eu ilustrava meus contos, mas o estilo de minhas ilustrações, cartoonescas, não representava bem o teor dos contos, mais trágicos e sujos. Então tive a ideia de começar a fotografar as cenas. No princípio a ideia era fotografar apenas algumas cenas, mas uma vez no estúdio e com as mãos na massa, resolvi fotografar as histórias todas, transformando em uma espécie de fotonovela moderna, porque as minhas ou são animadas (tipo Pixilation) ou com grafismos sujos no estilo das graphics novels contemporâneas.

Esta diferença de estilos é tão grande que resolvi dividir meu trabalho na forma de dois heterônimos, o Fabiano Vianna – escritor e diretor das fotonovelas e o Fabz – ilustrador e designer.

A Infiel
Daniel Augusto acha que está sendo traído por sua mulher, Virgínia Cristina. Relata ao amigo Mascarenhas que se sente humilhado e deseja vingança.
Wander Wildner vive Daniel Augusto. Com Raquel Deliberali, Fabiano Vianna e Sara Cesari.

Viés Feminino: Quais suas inspirações?

Fabiano Vianna: Sempre gostei da temática pulp. Leio bastante livro policial e de suspense. Mas adoro também o tema fantástico também.

Na literatura minhas maiores influências são Rubem Fonseca, Jorge Luís Borges, Nelson Rodrigues, Murilo Rubião, Dalton Trevisan e Valêncio Xavier. Os dois últimos são daqui de Curitiba. Respectivamente conhecidos como o vampiro e o Frankenstein de Curitiba.

O Valêncio tem um estilo único de escrever, utilizando imagens para contar trechos da história, na forma de uma colcha de retalhos, colagens. Isso tem tudo a ver comigo. A primeira vez que me deparei com um livro do Valêncio Xavier, percebi que uma história podia ser contada também através das imagens. Claro, eu já trazia na bagagem da memória também artistas dos quadrinhos como Dave Mckean. Acredito que vivemos hoje em meio a esta convergência das mídias.

Fazer literatura como cinema, e vice versa. Arte, design, literatura, cinema. Todos os signos dialogando. O que mais importa no final é a comunicação. Nos quadrinhos, gosto muito do que o Dave Mckean faz graficamente. Também a obra do Frank Miller com Sin City. No cinema, gosto dos policiais no geral. Filmes como Chinatown, Los Angeles Cidade Proibida, Dália Negra.

Amigo Amante

Um rapaz recebe uma carta anônima advertindo que está sendo traído. Desconfiado, ele resolve rapidamente voltar ao seu próprio apartamento e surpreender a sua mulher com o amante, caso tudo seja verdade.
Com os integrantes da banda “Bidê ou Balde” Pilla, Carlinhos e Vivi. Também Eliza Matta e Bruno Zotto (como Madureira). 

Viés Feminino: Quando cada Fotonovela foi feita? Elas demoram muito para serem produzidas?

Fabiano Vianna: A primeira é de 2006. Venho fazendo várias desde esta época. Algumas ainda continuam na gaveta, outras não deram pano para manga.

Bastidores

É bem trabalhoso produzi-las. Minha equipe cresceu, desde a época da primeira fotonovela, no site do Crepúsculo. No começo fazíamos tudo em estúdio, sem cenário. Eu acrescentava as paisagens depois, no computador. A partir da terceira, A Infiel, comecei a experimentar produções externas e começaram a trabalhar comigo diretor de fotografia (meu fiel parceiro, Bruno Zotto), produtoras, maquiadoras. Raquel Deliberali, Ana Paula Cardoso, Milena Buzzetti, Michele Franco. 

Produzir uma fotonovela para mim, hoje, é como fazer um filme. A mesma estrutura. Aluguel de equipamentos, contrato com atores, locações, etc. Desta forma fica muito mais convincente e bonito. Trabalho desde o começo com o Zotto. Com o tempo afinamos nosso ideal estético pela iluminação noir. Criamos um visual ideal para as fotonovelas. Já trabalhei com os fotógrafos Pedro Nossol, Iaskara Florenzano, Ivana Podolan e Japa Biet. E adoro o trabalho de todos eles!

Depois disso tudo ainda tem a edição da fotonovela em forma de animação (Pixilation), no caso para o site e em formato de papel, para a Lama. E isso é um trabalho minucioso, de escolhas de trilhas sonoras, texturas, efeitos. Escolha da estética, balões, fontes. Tudo tem que ser muito bem pensado e executado. Quando que na animação, preciso me esmerar na condução das sequências, na versão impressa preciso me preocupar também com a resolução e a legibilidade da história.

O Último Cigarro
Um escritor em crise depara-se com uma garota linda no ponto de ônibus. Ela pede fogo, mas ele não possui isqueiro. Num outro dia, com o isqueiro emprestado pelo amigo Madureira, ele tenta surpreender a moça, acendendo seu cigarro antes dela sumir para sempre.
Com Raphael Machado, Amanda Beninca e Bruno Zotto.

 Pois é meus caros, fotonovela não é brincadeira, envolve muito trabalho e o resultado é incrível! Vale MUITO a pena conferir TODAS!

Todas as que mostrei acima estão completas, essa que vou colocar abaixo está no primeiro capitulo (ansiedade!)

Insídia Abstrusa
Bandeira e Bira são convocados para um encontro na casa de campo onde os policiais costumam se reunir. Mas depois descobrem que tudo não passa de uma emboscada.
Marco Novack vive Osvaldo Bandeira. Luiz Felipe Leprevost é Ubirajara Peixoto.
Duração: Seis (6) capítulos.

E Vocês? Já viram alguma fotonovela antes? O que acharam desse trabalho?